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domingo, 23 de janeiro de 2022

Padre Elias e a videira de muitos frutos

No Evangelho de São João, capítulo 15, v. 1-8, encontramos a parábola da videira. Jesus afirma aos seus discípulos que ele é a verdadeira videira e Deus é o agricultor. Seus ramos somos todos nós. A produção dos frutos só é possível graças à nossa ligação com Jesus e à nossa abertura para que a seiva, que é o Espírito Santo, pudesse circular em nosso íntimo – assim podemos entender a parábola. É claro o ensinamento de Jesus: “Aquele que permanece em mim, e eu nele, esse produz muitos frutos”.

É por essa pedagogia de Jesus, ao falar sobre o nosso agir no mundo, que podemos compreender os inúmeros frutos que o paroquiato do padre Elias deixará. Em primeiro lugar, destacamos o seu esforço para o fiel seguimento a Cristo. Em segundo lugar, sua abertura ao sopro do Espírito Santo que o levou para a missão. Em terceiro lugar, sua consciência da necessidade de que nós todos devemos permanecer em unidade.

Seu paroquiato iniciou em 13 de dezembro de 2012, na solene missa de Santa Luzia. O desafio do padre Elias foi de ser um ramo de muitas folhagens para recobrir o vácuo deixado pela precoce saída do querido padre Alex e, sobretudo, de gerar frutos com o sabor da nova estação que começava com a sua chegada. Empenhado em tornar Jesus mais conhecido, amado e testemunhado, como sempre afirmava, o padre Elias foi se aproximando e se tornando cada vez mais íntimo e unido aos leigos e leigas e ao povo de Santa Luzia sem distinção de pessoa. Seu exemplo de vida se tornou testemunho capaz de mobilizar as pessoas.

Seria somente na unidade que a Paróquia poderia ter muitos frutos. Tal unidade se gestava pela oração conjunta em vários momentos de espiritualidade, pelas várias formações realizadas e pelas inúmeras oportunidades de trocas de experiências e de vivências coletivas seja nos encontros pastorais, nas confraternizações e outras atividades. 

Quanto à realidade patrimonial, administrativa e financeira, as intervenções do padre Elias – sempre de forma colegiada e democrática – foram muito efetivas. Transformou passivos em ativos, recuperou imóveis e os rentabilizou, resolveu pendências históricas de regularização de áreas pertencentes à paróquia. Tudo isso o permitiu, rapidamente, um conjunto de obras muito importantes. Em primeiro lugar, a construção da nova casa paroquial, ao lado da Matriz. Depois, a reforma do Centro Pastoral ampliando-o e equipando-o para melhor atender à comunidade. 

Padre Elias reanimou o povo de Santa Luzia no seu propósito em andamento de trabalhar para ter uma capela em cada bairro. Assim, sua criatividade e sua compreensão de que essa realização só seria possível coletivamente, o fizeram lançar uma nova abordagem para a paróquia: é pela unidade que haveríamos de realizar nossos sonhos. Concretamente, isso significou a constituição de um fundo comum alimentado pelo trabalho de todas as comunidades para custear a construção das capelas. Uma a uma, cada capela foi sendo concluída - restando apenas a Sagrada Família na iminência de sua conclusão.

Do ponto de vista pastoral, promoveu formações para cada setor e, também, para todos os leigos e leigas conjuntamente. Trouxe o EJC e ECC para Santa Luzia. Formalizou a criação da PASCOM e adquiriu novos equipamentos para modernizar as transmissões. Apoiou o “Posso Ajudar”, Terço das Crianças e tantos outros movimentos que surgiram para dar conta das diversas realidades da Paróquia. Apoiou a formação dos diáconos permanentes e estimulou vocações. Reorganizou o setor das comunidades rurais, motivou a criação do novo setor missionário São João Paulo II e trabalhou pela criação da Área Pastoral São José Operário.

No diálogo ecumênico, participou com as Igrejas Cristãs, da concepção do Dia da Família Cristã que passo a ser celebrado no mês de agosto. Do ponto de vista do diálogo institucional e compromisso social/profético disponibilizou a estrutura da paróquia para atividades de movimentos sociais, mobilizações e debates públicos. Promoveu debates sobre as energias renováveis, sobre as políticas públicas, sobre a formação da juventude. Participou ou indicou leigos para integrarem os conselhos setoriais das políticas públicas. 

Na dimensão da caridade, mobilizou forças vivas para a criação da Casa da Misericórdia padre Ibiapina vindo a atender cerca de 100 famílias de elevada vulnerabilidade social.  estruturou o setor social sempre atuante frente as questões sociais do município. Esteve presente de forma constante nas escolas do município contribuindo com a formação das crianças e da juventude. 

Em suma, ao longo de seu paroquiato padre Elias foi um construtor de pontes interligando as pessoas e motivando-as para a construção do reino de Deus. Não foi um padre à frente de seu povo, mas, um padre que caminhou junto com o seu povo. Fez-se um santa-luziense e foi reconhecido como tal ao receber, em novembro de 2021, o título de cidadão santa-luziense. Deixa a condição de pároco para assumir o lugar de conterrâneo muito estimado e amado cujo ministério exercerá em outras terras.

A videira jamais perderá os seus frutuosos ramos. Os ramos permanecerão sempre ligados pela seiva que circula e que alimenta e reanima na missão. O povo de Santa Luzia agradece ao padre Elias Ramalho por tudo o que realizou na Paróquia e lhe deseja saúde e paz com muita força para a realização do seu ministério preservando sempre sua ligação a Cristo, a unidade e o desejo de construir, coletivamente, o reino de Deus na terra.


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